Antigamente,
a única exigência aquando da construção de um edifício, era que o mesmo
oferecesse ao homem condições apropriadas para desenvolver atividades. Com o
passar do tempo e com a evolução do conhecimento do homem sobre o ambiente
interno e externo do edifício, outras exigências foram progressivamente sendo
adicionadas aos requisitos básicos já conhecidos. Os únicos critérios utilizados,
no que diz respeito à qualidade do ar interior, foram a temperatura e a
humidade, sendo que outros parâmetros importantes na qualidade do ar foram
ignorados.
Atualmente,
sabemos que são produzidos inúmeros poluentes, tais como, monóxido de carbono,
dióxido de carbono, amoníaco, óxido de enxofre e nitrogénio, através dos materiais
de construção baseados em solventes orgânicos, por materiais de limpeza, bolor,
metabolismos humano e também pela própria atividade do homem, como cozinhar ou
lavar e secar a roupa. Estes poluentes comprometem a saúde e o rendimento de
trabalho do homem, e alguns edifícios estão sendo apelidados de “doentes”,
devido à péssima qualidade do ar. Perante esta problemática, foi criada a expressão “Sick Building
Syndrome”, caracterizada por um estado doentio transitório da população, já que
os sintomas normalmente desaparecem quando a população afetada deixa o
edifício. Os sintomas apresentados pela população são dores de cabeça, náuseas,
cansaço, irritação dos olhos, nariz e garganta, falta de concentração,
problemas de pele, entre outros. Esta problemática pode ter proveniência na manutenção
inadequada das torres de resfriamento e sistemas de ventilação as quais são
fontes de microorganismos.
Atualmente, as preocupações com a
qualidade ambiental do interior dos edifícios e a determinação do impacto na
saúde têm-se revelado um tema de enorme importância, visto que, cada vez mais,
existe uma maior incidência em doenças respiratórias e de pele, alergias e
doenças crónicas. Deste modo, têm-se implementado estratégias que respondam ao
conforto e bem-estar humano, constituídas por um conjunto de ações levadas a
cabo numa escala de controlo ambiental limitada ao espaço interior dos
edifícios, quer seja em habitações, espaços públicos ou locais de trabalho.
Por outro lado, a importância de
controlar e avaliar a qualidade do ar interior nos edifícios, resulta do facto,
de hoje em dia, a população passar cada vez mais tempo dentro dos edifícios
(habitação, emprego, serviços, lazer), ficando desta forma, expostos a ação de
poluentes, relacionados com os materiais usados na construção e manutenção dos
edifícios, com os sistemas AVAC, com os ocupantes e com a qualidade do ar
exterior. Em suma, um edifício saudável é sinónimo de boa qualidade interior do
ar. Isto só é viável, através do uso adequado das taxas de ventilação e de uma
monitorização contínua das instalações, pois esta qualidade irá refletir-se
significativamente no bem-estar da população, nomeadamente na saúde e
produtividade laboral.
Assim,
os técnicos especializados da Sanidade Ambiental da Rentokil Initial, realizam colheitas de amostra da qualidade do ar
interior e também do ar exterior, para verificar as condições ambientais e se os
tratamentos realizados nas torres de refrigeração e sistemas de ventilação são
eficazes.
As
colheitas de amostra ambientais são efetuadas em pontos distintos e em todas as
instalações do edifício, sendo que os pontos para as colheitas de amostra devem
ser determinadas na inspeção técnica-comercial.
Na
colheita destas amostras é utilizado o meio de cultura PCA (Plate Count Agar) para verificar a existência de bactérias e o
meio de cultura SDA (Sabouraud
Dextrosa Agar) + Cloranfenicol para
verificar a existência de fungos limitando o crescimento de bactérias,
Cloranfenicol.
Deste
modo, os técnicos realizam uma colheita nas condutas do sistema de ventilação,
através do método de amostra de superfícies, que consiste em fazer
contactar o meio de cultura com a superfície necessária, mediante placas Rodac,
exercendo pressão sobre a placa durante alguns segundos. (Figura 1 e 2)
Este
método é realizado em diversos pontos de colheita de amostra, com a finalidade
de fazer a detenção de bactérias e de fungos, em meios de cultura diferentes.
Figura 1 – Sistema
de Ventilação
Figura 2 – Placas
Rodac
Vídeo 1 – Colheita
através do método de amostra de superfície em sistema de ventilação
Após
as colheitas de amostras de superfícies são realizadas as colheitas de amostras
do ambiente, através do método de amostra de ambiente. Estas
amostras são obtidas através do equipamento SAS Super 90. (Figura 3)
Figura 3 – Equipamento
SAS Super 90 para a colheita de amostras ambientais
Estas
colheitas são realizadas através da aspiração de um determinado volume de ar,
na qual se fixam os microorganismos do ar sobre uma placa Rodac. São realizados
duas colheitas em placas de cultivo específicas para a detenção de bactérias e
de fungos. (Figura 4)
Figura 4 – Placa
Rodac
Vídeo 2 - Colheita
através do método de amostra de ambiente em locais de trabalho
Estas
colheitas de amostra ambiental são realizadas nas instalações do edifício, com
principal destaque, nos locais de trabalho em aglomerado, refeitório,
atendimento ao cliente, armazéns, laboratórios e na zona exterior do edifício.
Após
as colheitas destas amostras, as mesmas são levadas para o laboratório onde
serão analisadas (contagem e identificação das colónias).
Como
futura Técnica de Saúde Ambiental e segundo o Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de
Maio, tenho o dever de identificar e caracterizar fatores de risco para a saúde
originados no ambiente, realizando a vigilância sanitária básica e luta contra
meios e agentes de transmissão de doença e a participação em ações de
vigilância e controlo do ambiente e segurança dos locais de trabalho em saúde
ocupacional. Na Rentokil, o meu dever como Técnica de Saúde Ambiental é
identificar e caracterizar os fatores de risco para a saúde e promover ações de
controlo e vigilância e de formação para a população alvo.
Referências Bibliográficas
Diário da República. Ministério da Saúde.
Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de Maio. Consultado a 25 de Maio de 2012.
Disponível em URL: http://estescoimbra.pt/images/admin/file/Sa%C3%BAde%20Ambiental/Decreto-Lei%20117-95.pdf
Idad
– Ambiente e Desenvolvimento. Qualidade do ambiente interior. Consultado a 25
de Maio de 2012. Disponível em URL: http://www.idad.ua.pt/PageText.aspx?id=9186
Rentokil
Initial. Guia de Operaciones para Servicios – Sanidad Ambiental (2º Edição –
Março 2007). Consultado a 25 de Maio de 2012
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