02 junho, 2012

Legionella



A bactéria Legionella foi descoberta em 1976 e confirmada como agente responsável e causador de doença pulmonar grave no Homem. (Figura 1)

 Figura 1 – Bactéria Legionella

A Legionella é uma bactéria que pertence a família Legionellacease sendo conhecidas 30 espécies e mais de 50 subespécies. Esta é uma bactéria em forma de bacilo, pertencente ao grupo das bactérias gram negativas e é dotada de flagelos que facilitam a sua movimentação.
A Legionella está presente em meios aquáticos naturais. Também se encontra em sistemas de água criados pelo Homem, atuando como meios amplificadores e propagadores da Legionella. Esta bactéria dispersa-se pelo ar e penetra no sistema respiratório do Homem, através de aerossóis, podendo produzir infeções. (Figura 2)

 Figura 2 – Esquema de transmissão da Legionella

A bactéria Legionella necessita de condições ambientais que favoreçam a sua proliferação e o seu desenvolvimento, assim como a existência de dispositivos geradores de aerossóis, para que possa penetra no sistema respiratório do Homem. Para sobreviver necessita de água, sendo capaz de sobreviver nas temperaturas compreendidas entre 20ºC a 60º C. A sua multiplicação e crescimento realizam-se nas temperaturas compreendidas entre 20ºC a 45ºC, sendo as condições ótimas de temperatura para o seu desenvolvimento entre 35ºC a 37ºC. (Figura 3)

 Figura 3 – Efeitos da temperatura na bactéria Legionella

As instalações vistas como fontes de contaminação são:
- Sistemas de água quente e fria;
- Torres de refrigeração e condensadores evaporativos;
- Banheiras e piscinas de hidromassagem e fontes de água termais;
- Fontes;
- Humificadores ambientais;
- Túneis de lavagem de carros;
- Sistemas de rega;
- Materiais terapêuticos respiratórios.

No geral, todos os componentes de uma instalação propiciam a possibilidade de multiplicar a bactéria, dando lugar aos aerossóis, os quais estão expostas a população.

Em suma, o risco de contrair esta doença a partir de uma instalação vai depender de inúmeros fatores, tais como:
- Presença, tipo e concentração da Legionella na instalação;
- Formação de aerossóis e localização de uma fonte produtora de aerossóis;
- Duração da exposição;
- Quantidade de pessoas expostas aos aerossóis;
- Condições das instalações (temperatura da água, grau de limpeza, manutenção, entre outros).

Vídeo 1 - Vídeo sobre a bactéria Legionella e sua transmissão

Os serviços da Sanidade Ambiental da Rentokil Initial têm como finalidade realizar a prevenção e o controlo da multiplicação e disseminação dos diferentes agentes microbiológicos, tais como as bactérias do género Legionella.
Para regular as ações preventivas e de controlo, foi aprovada no Real Decreto 865/2003 de 4 de Julho, os critérios higiénico-sanitários para a prevenção e controlo desta bactéria.
Tanto nos tratamentos de limpeza e desinfeção, como na manutenção da qualidade físico-químico da água, devem considerar-se, as características de cada instalação e da água a tratar. É fundamental averiguar a utilização dos procedimentos físicos, assim como os distintos produtos químicos como biocida, anticrustante, anticorrosivo ou biodispersante, entre outros.
Os técnicos especializados que utilizam estes produtos químicos devem conhecer detalhadamente as suas funções, naturezas e propriedades devido aos riscos que provocam na sua manipulação e as incompatibilidades entre produtos químicos. Quando os técnicos realizam estes trabalhos devem utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados às operações/tratamentos, tais como: traje resistente a agentes químicos, botas, luvas de nitrilo, óculos protetores e máscara com filtro para partículas, gases e vapores.
Os técnicos realizam tratamentos nas torres de refrigeração, nos depósitos de acumulação de água, na rede de água quente sanitária e água fria de consumo humano e também realizam colheitas de amostras de água para análise microbiológica e físico-químico.

Tratamento de Torres de Refrigeração
Antes de se iniciar o tratamento é necessário observar e anotar o estado do sistema. Após o conhecimento do circuito de água, procede-se ao adicionamento, na torre de refrigeração, dos produtos, hipoclorito sódico, anticorrosivo, biodispersante e antiespumante, sendo necessário que os ventiladores da torre estejam parados e só funcionem as bombas de recirculação. Os produtos adicionados devem circular no sistema durante duas a três horas. Depois do tempo de circulação dos produtos no sistema, a torre de refrigeração é esvaziada para proceder a sua limpeza e desinfeção. Os separadores de gotas são limpos e desinfetados com materiais adequados e necessários assim como os filtros de aspiração e a torre. Por fim, a torre é novamente cheia para voltar a circular normalmente.

Vídeo 2 - Vídeo sobre torres de refrigeração e os seus tratamentos

Tratamento de depósitos de acumulação de água
Antes de se começar o tratamento é necessário observar e anotar o estado do sistema. Seguidamente, procede-se ao esvaziamento do depósito para posteriormente se limpar e desinfetar, eliminando por meios mecânicos, todos os sólidos do interior do depósito, tais como lodos e particulares sedimentares, entre outros. O depósito deve ser lavado com água com pressão e detergentes autorizados.
Quando o tratamento estiver todo efetuado, volta-se a encher o depósito e verifica-se a quantidade do cloro livre residual, que deve respeitar o intervalo de 0,2-0,8 ppm.

Tratamento de redes de água quente sanitária e água fria de consumo humano
Antes de se começar o tratamento é necessário observar e anotar o estado do sistema. Porém, nos sistemas de água quente sanitária e água fria de consumo humano, os procedimentos estabelecidos para o tratamento e desinfeção da rede são distintos. Realiza-se a desinfeção química através da hipercloracão do sistema que é igual para a água quente e fria. Já a desinfeção térmica realiza-se através da elevação da temperatura e só é possível realizá-la em determinados sistemas de água quente sanitária.

Colheita de amostras de água para análises microbiológicas e físico-químicas
Os técnicos realizam colheitas de amostras representativas da água para poder determinar a sua qualidade microbiológica e os parâmetros físico-químicos. As colheitas são efetuadas em frascos adequados e esterilizados e devidamente rotulados, com uma referência que permita a sua identificação. Após realizada a colheita de amostra de água, esta deve ser reencaminhada para o laboratório, o mais breve possível.

Vídeo 3 - Vídeo sobre Legionella

Para finalizar, a Doença dos Legionários constitui um problema para a Saúde Pública, verificando-se uma clara relação causa-efeito com a colonização das bactérias do género Legionella na água, em sistemas de grandes edifícios, sobretudo quando esses sistemas estão mal concebidos, mal instalados ou com má manutenção. Existem duas situações distintas, que não se devem confundir. Uma representada pela colonização das bactérias, deste género, na água e a outra caracterizada pelo aparecimento de um ou mais casos da Doença dos Legionários. É notório, que as condições ambientais que favorecem a colonização em sistemas artificiais de água por bactérias do género Legionella, são essencialmente, a temperatura, a estagnação e a existência de nutrientes na água. Para tal, é necessário tomar medidas para controlar e prevenir esta bactéria.

Vídeo 4 - Atividades desenvolvidas na temática Legionella

Como futura Técnica de Saúde Ambiental e segundo o Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de Maio, tenho o dever de identificar e caracterizar fatores de risco para a saúde originados no ambiente, realizando a vigilância sanitária básica e luta contra meios e agentes de transmissão de doença.
Como referi anteriormente, a bactéria Legionella é considerada um vetor transmissível de doença e, por esse motivo, tenho o dever de prevenir e promover a saúde pública, realizando ações de prevenção, controlo e vigilância sanitária de sistemas, estruturas de água para prevenir e controlar esta bactéria.
Na Rentokil, o meu dever como Técnica de Saúde Ambiental é identificar e caracterizar os fatores de risco para a saúde e promover ações de prevenção, controlo e vigilância nos sistemas de água.


Referências Bibliográficas
Diário da República. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de Maio. Consultado a 20 de Abril de 2012. Disponível em URL: http://estescoimbra.pt/images/admin/file/Sa%C3%BAde%20Ambiental/Decreto-Lei%20117-95.pdf
Real Decreto 856/2003 del 4 de Julio, por el que se establecen los critérios higiénico-sanitarios para la prevención y control de la Legionelosis. Consultado a 20 de Abril de 2012.
Rentokil – Los expertos en control de plagas. Prevencion y control de Legionelogis. Consultado a 20 de Abril de 2012.
Rentokil Initial. Guia de Operaciones para Servicios – Sanidad Ambiental. (2º Edição, Março 2007). Consultado a 20 de Abril de 2012.
Youtube. Legionella. Consultado a 20 de Abril de 2012. Disponível em URL: http://www.youtube.com/watch?v=dD4d_apLtl0
Youtube. Legionella Training Film. Consultado a 20 de Abril de 2012. Disponível em URL: http://www.youtube.com/watch?v=BYpwVQEwpeA
Youtube. Torre de Refrigeración Antilegionella (Español). Consultado a 20 de Abril de 2012. Disponível em URL: http://www.youtube.com/watch?v=ph3rH06DlFY&feature=related

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