O
Cimex lectularius está de volta à
Espanha. Esta espécie, praticamente desapareceu a partir da década 50, quando a
utilização de insetícidas de efeito residual, como o DDT, passou a ser uma
prática comum e bastante eficaz, no seu controlo.
Nos
últimos anos a ocorrência de infestações desta praga começou a aumentar, na
qual considerava-se erradicada em Espanha, segundo a Asociación Nacional de
Empresas de Control de Plagas.
A
proibição da utilização do DDT, associada ao crescimento das viagens
internacionais e ao aumento da densidade populacional, com baixas condições
sociais na periferia das grandes cidades, são as causas mais prováveis para o
seu retorno.
O
Cimex lectularius é um viajante
mundial. Consegue esconder-se nas bagagens dos viajantes sendo assim transportado
para novos destinos.
No
presente momento, o problema é generalizado na Espanha. O Cimex lectularius é uma espécie muito difícil de controlar porque consegue
expandir-se com enorme facilidade.
Figura 1 – Cimex lectularius
Existem
20 mil espécies de Cimex lectularius no
mundo, com cerca de 40 mil tipos. Estas espécies podem ser encontradas em
qualquer habitat nomeadamente florestas, cidades, pântanos, mares e desertos,
mas a maioria reside nos trópicos e subtrópicos.
O
Cimex lectularius é conhecido por
percevejo (em Portugal) ou chinche (em Espanha) e pertence à Ordem Hemiptera.
É
um parasita hematófago (repasto sanguíneo), que ataca o homem, animais e
pássaros domésticos e selvagens, morcegos, roedores e outras espécies de sangue
quente, com o objetivo de realizar uma refeição de sangue.
Figura 2 - Vários
tipos de Cimex lectularius
O
Cimex lectularius é um pequeno inseto
com formato oval e achatado, sem asas, mede menos de um centímetro de
comprimento, sendo a sua coloração castanho avermelhada. Tem incluído na
extensão da “boca” algo parecido com uma seringa, podendo inseri-la, na pele do
hospedeiro.
Este
parasita não tem preferência por nenhuma parte específica do corpo, atacando
qualquer parte exposta da pele, podendo levar entre três a dez minutos para que
fique saciado. O hospedeiro quando está a ser picado quase nunca acorda.
A
espécie Cimex lectularius pode
sobreviver até um ano sem se alimentar, numa fonte de sangue. Estes parasitas,
devido às suas pequenas dimensões, são capazes de infestar casas pela migração
ativa, caminhando por fios elétricos, rachaduras e interstícios e comunicar às
casas vizinhas, ou de migração passiva, transportados por pássaros, morcegos ou
pessoas, ou escondidos na roupa ou equipamento novo ou usado que entra na
residência. Contudo, são capazes de se esconder em pequenas rachaduras,
poltronas, cadeiras estofadas, estrados de cama, costuras do tecido do colchão,
colchões, fendas nas paredes e molduras, pilhas de roupa, buracos no teto e
praticamente qualquer área escura e protegida, que sejam ótimas moradias.
Preferem madeira e tecido ao invés de plástico e metal, vivendo principalmente
nas áreas mais habitadas de uma casa ou prédio, como um quarto ou quarto de
hotel.
CICLO DE VIDA
A
Cimex lectularius tem um ciclo de
vida composto por cinco transformações e, para transitar ao seguinte estado de
desenvolvimento, necessita alimentar-se de sangue. Em condições ótimas de
temperatura (22ºC), o ciclo de desenvolvimento pode ter a duração de 37 dias.
Dependendo da alimentação e da temperatura estes parasitas adultos podem viver
cerca de um ano.
Figura
3 – Ciclo de vida da Cimex
lectularius
O
esqueleto da Cimex lectularius é
análogo a todos os insectos, encontrando-se na parte exterior do corpo
(exosqueleto). Para crescer devem fazer refeições de sangue e mudar o
exosqueleto, denominado como muda.
Depois
de passar pelos cinco estados de desenvolvimento, estes convertem-se em Cimex lectularius adultos.
Figura 4 – Diferença
entre o macho e a fêmea de Cimex
lectularius
Os
machos e as fêmeas devem alimentar-se para se reproduzirem. Durante o seu ciclo
de vida, as fêmeas podem libertar até 350 ovos e chocam-nos, no prazo de dez
dias, criando assim uma população em constante crescimento. Os ovos eclodem as
ninfas, muito semelhantes aos adultos, mas menores.
Quando
atingem a fase adulta e maturidade sexual, vivem até quatro meses ou mais e,
num ano, podem atingir até quatro gerações.
Em
adultos, alimentam-se em média uma vez por semana, durante três a quinze
minutos. Quando a temperatura cai abaixo de 16ºC, os adultos entram no estado
de semi-hibernação para que eles possam sobreviver por meses.
Figura 5 – Cimex lectularius
Durante
o dia, estes parasitas ficam escondidos mas, durante a noite, saem para
procurar um hospedeiro que servirá de refeição.
A
presença do Cimex lectularius é
notada quando surgem picadas pelo corpo, principalmente na região do pescoço,
tronco superior, braços e mãos.
Uns
dos sinais da sua presença são as manchas vermelhas ou marrons dos seus
excrementos e um cheiro característico desagradável doce, que devem ser
observadas.
Deste
modo, deve ser realizada uma investigação nos potenciais esconderijos destes
parasitas, além de tentar avaliar a origem da infestação.
Uma
boa limpeza, em todos os locais com aspiração e uma verificação dos potenciais
esconderijos são excelentes medidas para minimizar o problema. No entanto, uma
empresa controladora de pragas deve ser contactada para realizar o controlo
químico que na maioria das vezes é essencial.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLO
Quando
se suspeita da existência deste parasita, deve realizar-se uma investigação nos
potenciais esconderijos para tentar averiguar onde pode ter surgido a
infestação. Contudo, é necessário tomar algumas medidas de prevenção e controlo
quando se fala em Cimex lectularius,
tais como:
-
Não levar colchões e roupas de cama usados para casa;
-
Quando viajar, assegurar-se de inspecionar todas as roupas e bagagens antes de
voltar para casa;
-
Realizar uma limpeza doméstica com regularidade, incluindo a aspiração dos
colchões;
-
Não deixar objetos espalhados porque ajuda a reduzir o número de esconderijos
destes parasitas;
-
Ter atenção na compra de mobília ou vestuário usados, inspecionando os artigos
usados perguntando sempre aos comerciantes se os artigos foram verificados.
Na
suspeita do parasita Cimex lectularius
deve:
-
Verificar se alguém em casa apresenta marcas de picadas e se há sinais de
sangue nos lençóis;
-
Inspecionar locais escuros da casa ao detalhe;
-
Aspirar e limpar tanto os colchões como partes da cama;
-
Colocar os colchões na vertical para examinar bem as fissuras e costuras dos
colchões;
-
Lavar a roupa da cama e o vestuário a altas temperaturas (> 60 º C);
-
Examinar os móveis que estão perto da cama onde se podem esconder;
-
Não utilizar inseticidas por sua conta própria.
Se
verificar que o problema persiste, deve procurar/consultar uma empresa
especializada no controlo destas pragas, para tratar este problema. Caso seja
necessário, deve utilizar técnicas e produtos para combater a infestação os
quais apresentem o menor risco para a saúde humana e meio ambiente.
Os
técnicos especializados da Rentokil, quando realizam uma visita a um
estabelecimento de hotelaria ou habitação devido à suspeita deste parasita,
irão investigar os potenciais locais de ocorrência desta praga. Como já referi,
estes parasitas encontram-se, na sua maioria, nos locais mais movimentados ou frequentados
pelo ser humano e locais de descanso, nomeadamente os dormitórios e as salas de
estar.
Na
sua visita e para estabelecer o tratamento adequado são verificados os sofás,
cadeiras, móveis, cortinas, colchões e as estruturas das camas, sobretudo as
pregas, fendas e partes inferiores, assim como outras áreas onde os parasitas
procuram esconder-se.
Contudo,
quando é necessário ou o cliente prefere, são utilizados cães treinados para
farejar o parasita Cimex lectularius,
que ajudam a descobrir se existe uma infestação e os locais onde se escondem.
Normalmente, estes cães treinados são levados para estabelecimentos de
hotelaria com o intuito de verificar o número de habitações infestadas
procedendo-se, de seguida, ao tratamento necessário.
Os
técnicos profissionais da Rentokil Initial devem conhecer a biologia da
praga para utilizar esses conhecimentos como ajuda no controlo da infestação.
Para realizar o tratamento inicial
é necessário procurar todos os possíveis indícios que podem indicar atividade,
inspecionando e tratando todos os possíveis refúgios. Estes parasitas podem
viajar a certas distâncias, portanto, é necessário tratar também as habitações
contínuas e aquelas que se situam nos patamares superiores e inferiores da
habitação afetada pela infestação.
Os
tratamentos que se podem aplicar são:
-
Uso de pó de contacto (a base de piretroides ou carbamatos, que se deve aplicar
uma fina camada nos refúgios secos e pouco acessíveis);
-
Pulverização com produtos adequados
(a base de piretroides ou carbamatos);
- Fumigação gasosa;
- Fumos inseticidas;
- Reguladores de crescimento;
- Tratamento por calor.
É
necessário ter em linha de conta que atualmente os parasitas Cimex lectularius estão a produzir
resistência e, nalguns casos, pode ser necessário uma adequada programação de
produtos e aplicações até poder controlar a infestação.
O tratamento por calor é o mais utilizado pelos técnicos da Rentokil Initial porque os clientes
procuram os serviços numa fase avançada. Desta forma, este tratamento é
realizado com canhões de calor que passam pelos ventiladores e ao
dispersarem-se pela habitação atingem uma temperatura de 60ºC, a qual se deve
manter, durante quatro horas para eliminar esta praga. Neste caso, a entrada no
local deverá ser vedada, nos quinze dias subsequentes.
Após
o tratamento inicial, é possível o avistamento de alguns parasitas vivos, durante
dez dias, o que é absolutamente normal. Por este motivo, a Rentokil Initial estabelece três visitas de seguimento a ser
realizadas, para assegurar que o parasita Cimex
lectularius seja eliminado. Para voltar a tratar todos os refúgios
identificados, o período entre os tratamentos a realizar, nas visitas de
seguimento, deve ser de sete a dez dias.
Devem
ser realizadas, quando é necessário, inspeções noturnas para identificar os
possíveis refúgios e detetar a infestação com mais evidência.
Os
tratamentos realizam-se segundo o protocolo de segurança previamente acordados
com o cliente e deverão ser eficazes e seguros, protegendo sempre adequadamente
o cliente durante as aplicações, tendo em conta os “prazos de segurança” dos
produtos e evitando, o mais possível, contaminações por contacto.
RISCO PARA A SAÚDE
A
espécie Cimex lectularius não é
considerada vetor específico de doença, mas a picada deste parasita é mais
irritante do que realmente nociva, visto que desconhece-se casos de doenças
infeciosas transmitidas pela mordidela nos humanos.
Quando
o Cimex lectularius faz a sua
refeição, perfura a pele para sugar o sangue. Contudo, liberta um pouco de
saliva, na pele machucada, que pode resultar numa reação alérgica à picada.
Os
sintomas que, na maioria das vezes, se sentem após a mordida pelo parasita são
coceira, inchaço, irritação, ardor e inflamação cutânea, reações que podem
durar uma semana ou mais.
As
picadas ou a exposição à saliva não provocam reações alérgicas nalgumas
pessoas. Porém, poderá surgir alguma infeção, no local da mordidela causada
pela comichão.
Muitas
pessoas nunca chegam a saber que foram mordidas. Outras podem sofrer
inflamações severas e possíveis infeções devido à mordidela do parasita.
Apesar
da Cimex lectularius não ser
considerado um vetor específico de doença, esta pode provocar grandes danos ou
até a morte, devido aos efeitos secundários: asma, urticárias e até mesmo
alergias perigosas e fatais.
Figura 6 – Mordida
do parasita Cimex lectularius na
perna, braços e tronco superior
Como
futura Técnica de Saúde Ambiental e segundo o Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de
Maio, tenho o dever de identificar e caracterizar fatores de risco para a saúde
originados no ambiente, realizando a vigilância sanitária básica e luta contra
meios e agentes de transmissão de doença.
Contudo,
como referi acima, o Cimex lectularius
não é considerado um vetor transmissível de doença mas tenho o propósito de
prevenir e promover a saúde pública, realizando ações de controlo e vigilância
sanitária de sistemas, estruturas e atividades com interação no ambiente, para
prevenir e controlar esta praga.
Na
Rentokil, o meu dever como Técnica de Saúde Ambiental é identificar e
caracterizar os fatores de risco para a saúde e promover ações de controlo e
vigilância desta praga, nos locais que necessitam ajuda.
“Boa noite, durma bem, não deixe que os percevejos o mordam”
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Esses são barbeiros, não percevejos de cama. http://2.bp.blogspot.com/-v9tiL5nU2F8/T5iD35ToO6I/AAAAAAAAApI/9E96f2-kiEg/s400/chinche+best.jpg
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