26 abril, 2012

Cimex lectularius em Espanha



O Cimex lectularius está de volta à Espanha. Esta espécie, praticamente desapareceu a partir da década 50, quando a utilização de insetícidas de efeito residual, como o DDT, passou a ser uma prática comum e bastante eficaz, no seu controlo.
Nos últimos anos a ocorrência de infestações desta praga começou a aumentar, na qual considerava-se erradicada em Espanha, segundo a Asociación Nacional de Empresas de Control de Plagas.
A proibição da utilização do DDT, associada ao crescimento das viagens internacionais e ao aumento da densidade populacional, com baixas condições sociais na periferia das grandes cidades, são as causas mais prováveis para o seu retorno.
O Cimex lectularius é um viajante mundial. Consegue esconder-se nas bagagens dos viajantes sendo assim transportado para novos destinos.
No presente momento, o problema é generalizado na Espanha. O Cimex lectularius é uma espécie muito difícil de controlar porque consegue expandir-se com enorme facilidade.

Figura 1 – Cimex lectularius

Existem 20 mil espécies de Cimex lectularius no mundo, com cerca de 40 mil tipos. Estas espécies podem ser encontradas em qualquer habitat nomeadamente florestas, cidades, pântanos, mares e desertos, mas a maioria reside nos trópicos e subtrópicos.
O Cimex lectularius é conhecido por percevejo (em Portugal) ou chinche (em Espanha) e pertence à Ordem Hemiptera.
É um parasita hematófago (repasto sanguíneo), que ataca o homem, animais e pássaros domésticos e selvagens, morcegos, roedores e outras espécies de sangue quente, com o objetivo de realizar uma refeição de sangue.

Figura 2 - Vários tipos de Cimex lectularius

O Cimex lectularius é um pequeno inseto com formato oval e achatado, sem asas, mede menos de um centímetro de comprimento, sendo a sua coloração castanho avermelhada. Tem incluído na extensão da “boca” algo parecido com uma seringa, podendo inseri-la, na pele do hospedeiro.
Este parasita não tem preferência por nenhuma parte específica do corpo, atacando qualquer parte exposta da pele, podendo levar entre três a dez minutos para que fique saciado. O hospedeiro quando está a ser picado quase nunca acorda.
A espécie Cimex lectularius pode sobreviver até um ano sem se alimentar, numa fonte de sangue. Estes parasitas, devido às suas pequenas dimensões, são capazes de infestar casas pela migração ativa, caminhando por fios elétricos, rachaduras e interstícios e comunicar às casas vizinhas, ou de migração passiva, transportados por pássaros, morcegos ou pessoas, ou escondidos na roupa ou equipamento novo ou usado que entra na residência. Contudo, são capazes de se esconder em pequenas rachaduras, poltronas, cadeiras estofadas, estrados de cama, costuras do tecido do colchão, colchões, fendas nas paredes e molduras, pilhas de roupa, buracos no teto e praticamente qualquer área escura e protegida, que sejam ótimas moradias. Preferem madeira e tecido ao invés de plástico e metal, vivendo principalmente nas áreas mais habitadas de uma casa ou prédio, como um quarto ou quarto de hotel.

CICLO DE VIDA
A Cimex lectularius tem um ciclo de vida composto por cinco transformações e, para transitar ao seguinte estado de desenvolvimento, necessita alimentar-se de sangue. Em condições ótimas de temperatura (22ºC), o ciclo de desenvolvimento pode ter a duração de 37 dias. Dependendo da alimentação e da temperatura estes parasitas adultos podem viver cerca de um ano.

Figura 3 – Ciclo de vida da Cimex lectularius

O esqueleto da Cimex lectularius é análogo a todos os insectos, encontrando-se na parte exterior do corpo (exosqueleto). Para crescer devem fazer refeições de sangue e mudar o exosqueleto, denominado como muda.
Depois de passar pelos cinco estados de desenvolvimento, estes convertem-se em Cimex lectularius adultos.

Figura 4 – Diferença entre o macho e a fêmea de Cimex lectularius

Os machos e as fêmeas devem alimentar-se para se reproduzirem. Durante o seu ciclo de vida, as fêmeas podem libertar até 350 ovos e chocam-nos, no prazo de dez dias, criando assim uma população em constante crescimento. Os ovos eclodem as ninfas, muito semelhantes aos adultos, mas menores.
Quando atingem a fase adulta e maturidade sexual, vivem até quatro meses ou mais e, num ano, podem atingir até quatro gerações.
Em adultos, alimentam-se em média uma vez por semana, durante três a quinze minutos. Quando a temperatura cai abaixo de 16ºC, os adultos entram no estado de semi-hibernação para que eles possam sobreviver por meses.

Figura 5 – Cimex lectularius

Durante o dia, estes parasitas ficam escondidos mas, durante a noite, saem para procurar um hospedeiro que servirá de refeição.
A presença do Cimex lectularius é notada quando surgem picadas pelo corpo, principalmente na região do pescoço, tronco superior, braços e mãos.
Uns dos sinais da sua presença são as manchas vermelhas ou marrons dos seus excrementos e um cheiro característico desagradável doce, que devem ser observadas.
Deste modo, deve ser realizada uma investigação nos potenciais esconderijos destes parasitas, além de tentar avaliar a origem da infestação.
Uma boa limpeza, em todos os locais com aspiração e uma verificação dos potenciais esconderijos são excelentes medidas para minimizar o problema. No entanto, uma empresa controladora de pragas deve ser contactada para realizar o controlo químico que na maioria das vezes é essencial.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLO
Quando se suspeita da existência deste parasita, deve realizar-se uma investigação nos potenciais esconderijos para tentar averiguar onde pode ter surgido a infestação. Contudo, é necessário tomar algumas medidas de prevenção e controlo quando se fala em Cimex lectularius, tais como:
- Não levar colchões e roupas de cama usados para casa;
- Quando viajar, assegurar-se de inspecionar todas as roupas e bagagens antes de voltar para casa;
- Realizar uma limpeza doméstica com regularidade, incluindo a aspiração dos colchões;
- Não deixar objetos espalhados porque ajuda a reduzir o número de esconderijos destes parasitas;
- Ter atenção na compra de mobília ou vestuário usados, inspecionando os artigos usados perguntando sempre aos comerciantes se os artigos foram verificados.

Na suspeita do parasita Cimex lectularius deve:
- Verificar se alguém em casa apresenta marcas de picadas e se há sinais de sangue nos lençóis;
- Inspecionar locais escuros da casa ao detalhe;
- Aspirar e limpar tanto os colchões como partes da cama;
- Colocar os colchões na vertical para examinar bem as fissuras e costuras dos colchões;
- Lavar a roupa da cama e o vestuário a altas temperaturas (> 60 º C);
- Examinar os móveis que estão perto da cama onde se podem esconder;
- Não utilizar inseticidas por sua conta própria.

Se verificar que o problema persiste, deve procurar/consultar uma empresa especializada no controlo destas pragas, para tratar este problema. Caso seja necessário, deve utilizar técnicas e produtos para combater a infestação os quais apresentem o menor risco para a saúde humana e meio ambiente.

Video 1 - Como eliminar o parasita Cimex lectularius

Os técnicos especializados da Rentokil, quando realizam uma visita a um estabelecimento de hotelaria ou habitação devido à suspeita deste parasita, irão investigar os potenciais locais de ocorrência desta praga. Como já referi, estes parasitas encontram-se, na sua maioria, nos locais mais movimentados ou frequentados pelo ser humano e locais de descanso, nomeadamente os dormitórios e as salas de estar.
Na sua visita e para estabelecer o tratamento adequado são verificados os sofás, cadeiras, móveis, cortinas, colchões e as estruturas das camas, sobretudo as pregas, fendas e partes inferiores, assim como outras áreas onde os parasitas procuram esconder-se.
Contudo, quando é necessário ou o cliente prefere, são utilizados cães treinados para farejar o parasita Cimex lectularius, que ajudam a descobrir se existe uma infestação e os locais onde se escondem. Normalmente, estes cães treinados são levados para estabelecimentos de hotelaria com o intuito de verificar o número de habitações infestadas procedendo-se, de seguida, ao tratamento necessário.

Video 2 - Senhor Luis Calderon a falar sobre o parasita Cimex lectularius e uma demonstração do cão treinado para encontrar o mesmo

Video 3 - Senhor Luis Calderon a falar sobre o parasita Cimex lectularius e uma demonstração do cão treinado para encontrar o mesmo

Os técnicos profissionais da Rentokil Initial devem conhecer a biologia da praga para utilizar esses conhecimentos como ajuda no controlo da infestação. Para realizar o tratamento inicial é necessário procurar todos os possíveis indícios que podem indicar atividade, inspecionando e tratando todos os possíveis refúgios. Estes parasitas podem viajar a certas distâncias, portanto, é necessário tratar também as habitações contínuas e aquelas que se situam nos patamares superiores e inferiores da habitação afetada pela infestação.

Os tratamentos que se podem aplicar são:
- Uso de pó de contacto (a base de piretroides ou carbamatos, que se deve aplicar uma fina camada nos refúgios secos e pouco acessíveis);
- Pulverização com produtos adequados (a base de piretroides ou carbamatos);
- Fumigação gasosa;
- Fumos inseticidas;
- Reguladores de crescimento;
- Tratamento por calor.

É necessário ter em linha de conta que atualmente os parasitas Cimex lectularius estão a produzir resistência e, nalguns casos, pode ser necessário uma adequada programação de produtos e aplicações até poder controlar a infestação.

O tratamento por calor é o mais utilizado pelos técnicos da Rentokil Initial porque os clientes procuram os serviços numa fase avançada. Desta forma, este tratamento é realizado com canhões de calor que passam pelos ventiladores e ao dispersarem-se pela habitação atingem uma temperatura de 60ºC, a qual se deve manter, durante quatro horas para eliminar esta praga. Neste caso, a entrada no local deverá ser vedada, nos quinze dias subsequentes.
Após o tratamento inicial, é possível o avistamento de alguns parasitas vivos, durante dez dias, o que é absolutamente normal. Por este motivo, a Rentokil Initial estabelece três visitas de seguimento a ser realizadas, para assegurar que o parasita Cimex lectularius seja eliminado. Para voltar a tratar todos os refúgios identificados, o período entre os tratamentos a realizar, nas visitas de seguimento, deve ser de sete a dez dias.
Devem ser realizadas, quando é necessário, inspeções noturnas para identificar os possíveis refúgios e detetar a infestação com mais evidência.

Video 4 - Senhor Fernando Menendez inspecionando a habitação com o cão treinado e realizando o tratamento de calor

Os tratamentos realizam-se segundo o protocolo de segurança previamente acordados com o cliente e deverão ser eficazes e seguros, protegendo sempre adequadamente o cliente durante as aplicações, tendo em conta os “prazos de segurança” dos produtos e evitando, o mais possível, contaminações por contacto.

RISCO PARA A SAÚDE
A espécie Cimex lectularius não é considerada vetor específico de doença, mas a picada deste parasita é mais irritante do que realmente nociva, visto que desconhece-se casos de doenças infeciosas transmitidas pela mordidela nos humanos.
Quando o Cimex lectularius faz a sua refeição, perfura a pele para sugar o sangue. Contudo, liberta um pouco de saliva, na pele machucada, que pode resultar numa reação alérgica à picada.
Os sintomas que, na maioria das vezes, se sentem após a mordida pelo parasita são coceira, inchaço, irritação, ardor e inflamação cutânea, reações que podem durar uma semana ou mais.
As picadas ou a exposição à saliva não provocam reações alérgicas nalgumas pessoas. Porém, poderá surgir alguma infeção, no local da mordidela causada pela comichão.
Muitas pessoas nunca chegam a saber que foram mordidas. Outras podem sofrer inflamações severas e possíveis infeções devido à mordidela do parasita.
Apesar da Cimex lectularius não ser considerado um vetor específico de doença, esta pode provocar grandes danos ou até a morte, devido aos efeitos secundários: asma, urticárias e até mesmo alergias perigosas e fatais.

Figura 6 – Mordida do parasita Cimex lectularius na perna, braços e tronco superior


Como futura Técnica de Saúde Ambiental e segundo o Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de Maio, tenho o dever de identificar e caracterizar fatores de risco para a saúde originados no ambiente, realizando a vigilância sanitária básica e luta contra meios e agentes de transmissão de doença.
Contudo, como referi acima, o Cimex lectularius não é considerado um vetor transmissível de doença mas tenho o propósito de prevenir e promover a saúde pública, realizando ações de controlo e vigilância sanitária de sistemas, estruturas e atividades com interação no ambiente, para prevenir e controlar esta praga.
Na Rentokil, o meu dever como Técnica de Saúde Ambiental é identificar e caracterizar os fatores de risco para a saúde e promover ações de controlo e vigilância desta praga, nos locais que necessitam ajuda.

“Boa noite, durma bem, não deixe que os percevejos o mordam”


Referências Bibliográficas
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1 comentário:

  1. Esses são barbeiros, não percevejos de cama. http://2.bp.blogspot.com/-v9tiL5nU2F8/T5iD35ToO6I/AAAAAAAAApI/9E96f2-kiEg/s400/chinche+best.jpg

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