Chegou o momento do balanço final. Considero que
esta meta é o início de uma longa caminhada que se constrói, pegada após pegada.
Sempre foi minha pretensão candidatar-me ao programa Erasmus de modoa alargar os meus
conhecimentos académicos e profissionais e que me permitisse em simultâneo,
contactar com outras culturas, novos costumes e novas realidades, num espaço mais amplo de intervenção. Idealizei este estágio e
o meu objetivo primordial foi conclui-lo com sucesso. Ele foi responsável pela minha evolução e contribuiu para novas
aprendizagensepara a minha valorização pessoal.
Assim,
estagiei em Madrid, na empresa multinacional Rentokil. É considerada líder de mercado na prestação de
serviços na área de Controlo de Pragas e no desenvolvimento de soluções
ambientais inovadoras para deteção, prevenção e eliminação de pragas.
Apesar
de ter enfrentado algumas inquietações e contrariedades, fui capaz de gerir a
minha auto-confiança, estando de olhos postos no futuro, mantendo uma atitude
positiva e aproveitando as muitas oportunidades que me foram proporcionadas.
Nem a dificuldade inicial de comunicação ou a distância da família foram
obstáculos à minha integração, na comunidade espanhola que me acolheu. Foram o
meu suporte nas informações, na procura de endereços e itinerários necessários
à minha intervenção profissional e, claro, nas inúmeras situações sociais que
me permitiram alargar o meu conhecimento relativo à cultura espanhola. Fiz amigos para toda a vida. Enriqueci
como pessoa, construí o meu saber e agradeço-lhes por isso.
Não posso deixar de
referir todo o trabalho realizado pela equipa deprofissionais, que me acompanhou no decorrer do
estágio. O grau deexigência, a diversidade das atividadese, o facto de terem apostado
nasminhas capacidades foi
muito benéfico para evidenciar as minhascompetências enquanto Técnica de Saúde Ambiental.
É importante também referir que gostei de todas a áreas de intervenção, no
entanto, as que mais me marcaram, foram as áreas de segurança alimentar e a
segurança, higiene e saúde no trabalho.
Numa pespetiva de futuro, considero que
este estágio fortaleceu os conhecimentos que adquiri ao longo do curso pois tive
a oportunidade de os colocar em prática. Outro meio de fortalecer o meu saber
foi o trabalho de pesquisa na procura de informação, sempre associado às
práticas e às inúmeras áreas de intervenção, que referi ao longo das
publicações do blog. Ele foi também
o veículo de transmissão de informação acessível a todos os interessados acerca
das atividades desenvolvidas e mesmo da legislação aplicada à área.
Em
suma, constato que este estágio me possibilitou desenvolver as práticas que
adquiri teoricamente, práticas que serão essenciais no meu futuro profissional.
E,
finalmente, obrigada
a
todos aqueles que me acompanharam nesta longa pegada!
“Pedras no caminho? Guardo-as
todas, um dia vou construir um castelo..."
As
toxinfecções alimentares são doenças causadas pelo consumo de água ou géneros
alimentícios contaminados com bactérias, parasitas, vírus ou substâncias
tóxicas.
Os alimentos
crus como as aves, peixes e legumes são potenciais portadores de bactérias e
outros microorganismos que necessitam ser eliminados nos processos de
preparação e confeção. Por outro lado, os alimentos cozinhados são, muitas
vezes, contaminados por mãos sujas ou indevidamente higienizadas, por insetos,
roedores, ou por atos simples como o espirrar ou tossir.
As refeições
contaminadas, consumidas pela população provocam sintomas, como diarreia,
vómitos, dores abdominais, febre ou desidratação, estômago pesado, digestão
difícil, mal-estar, dores de cabeça após a refeição, azia repentina, erupções
cutâneas e náuseas, que podem iniciar-se pouco tempo, algumas horas ou dias,
após a ingestão. A gravidade dos sintomas depende do tipo de agente patogénico,
da sua quantidade presente no alimento, da toxina que esse agente possa
produzir e da susceptibilidade do consumidor.
Assim, para
evitar que seja posta em perigo a saúde pública, as estruturas, as instalações
e o equipamento dos estabelecimentos de restauração devem funcionar em boas
condições e ser mantidos em perfeito estado de conservação e higiene. Não
podemos esquecer, que as medidas de higiene individual, dos locais de trabalho
e dos alimentos são essenciais para a eficácia da prevenção das toxinfecções
alimentares. Estas medidas visam reduzir as fontes de contaminação e os meios
de transmissão dos agentes que causam efeitos indesejáveis nos alimentos e na
saúde dos consumidores.
Desta forma,
os estabelecimentos procuram os serviços da empresa Alkemi, associada a Rentokil
Initial para realizar análises e consultadorias. (Figura 1)
Figura 1 – Logotipo da empresa Alkemi
Na
realização das colheitas de amostras de alimentos, é necessário estar
devidamente equipado (touca, máscara de proteção respiratória, proteção para o
calçado, bata descartável e luvas esterilizadas), para evitar a contaminação da
colheita de amostra de alimentos.
Os técnicos
especializados realizam colheitas de amostras de alimentos, mais propriamente,
de óleos usados, de alimentos e dos utensílios e das bancadas de preparação dos
alimentos, bem como das mãos de um manipulador, para posteriormente enviá-las
para análise. (Figura 2)
Figura 2 – Amostras colhidas
Os técnicos
da Alkemi realizam as colheitas de
amostra de alimentos e de óleos em frascos esterilizados. Seguidamente, são
efetuadas duas colheitas de amostra, em cada local necessário, nomeadamente nos
utensílios e nas bancadas de preparação dos alimentos, bem como nas mãos de um
manipulador, em meios de cultura apropriados, para a análise físico-químico e
microbiológica. Antes de realizar as colhidas para análise das bancadas e dos
utensílios de preparação de alimentos, não se devem limpar os locais e
utensílios, para se aproximar às condições normais de trabalho.
Por
fim, devem identificar-se todas as amostras, preencher o Boletim de Colheita de
Alimentos e acondicioná-los numa mala térmica, de modo a que a amostra seja
transportada até ao laboratório de análise da Alkemi, sem possíveis alterações.
Caso
os valores da análise da colheita de amostra de alimentos seja considerada imprópria para consumo, os técnicos
devem identificar a causa ou causas do problema e tomar ações imediatas,
procedendo a uma vistoria. Esta permite verificar as condições das instalações,
os procedimentos tidos aquando do processo de preparação, confeção e
empratamento, bem como algumas deficiências a nível de funcionamento e de
equipamentos, que deverão ser corrigidos com carácter de urgência. (formação do
pessoal, equipamentos da cozinha, procedimentos de limpeza) É também importante
verificar a formação dos manipuladores de alimentos em termos de Higiene e
Segurança Alimentar e em HACCP, Análise de Perigo e os Pontos Críticos de
Controlo.
Em
suma, a higiene e segurança dos produtos alimentares devem ser garantidas pela
implementação de medidas preventivas, tais como o cumprimento de Boas Práticas
e a Aplicação do Sistema de Identificação de Perigos e Pontos Críticos de
Controlo (HACCP), constituindo as análises microbiológicas uma parte do sistema
devendo ser realizadas com periodicidade. (Figura 3)
Figura 3 - Etapas da
Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controlo (HACCP)
Deste
modo, através do Decreto-Lei n.º 117/95, de 30 de Maio, compete ao Técnico de
Saúde Ambiental “atuar no controlo sanitário do ambiente, cabendo-lhe detetar,
identificar, analisar, prevenir e corrigir riscos ambientais para a saúde, atuais
ou potenciais, na área de proteção sanitária básica e luta contra meios e
agentes de transmissão de doença, respetivamente, na participação em ações que
visem a higiene dos alimentos e dos estabelecimentos do sistema de proteção e
consumo.”
A higiene do
trabalho compreende normas e procedimentos adequados para proteger a
integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde
inerente às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas. A
higiene do trabalho está ligada ao diagnóstico e à prevenção das doenças
ocupacionais, a partir do estudo e do controlo do homem e seu ambiente de
trabalho. Ela tem caráter preventivo por promover a saúde e o conforto do
funcionário, evitando que ele adoeça e se ausente do trabalho.
Atualmente,
a vertente humana ocupa um lugar preponderante quer no processo industrial quer
noutros setores de atividade. Se outrora esta componente assumia um papel
secundário, dando-se primazia à produtividade em detrimento das condições de
trabalho, é certo que hoje prevalece a ideia de que a produtividade é também
ela afetada por situações que decorrem de uma adaptação correta ou não, dos
trabalhador ao ambiente envolvente do seu local de trabalho. Assim, a higiene e
a segurança são duas atividades que estão intimamente relacionadas com o
objetivo de garantir condições de trabalho capazes de manter um nível de saúde
dos colaboradores e trabalhadores de uma empresa.
A higiene do
trabalho propõe-se combater, num ponto de vista não médico, as doenças
profissionais, identificando os fatores que podem afetar o ambiente do trabalho
e do trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais
(condições inseguras de trabalho que podem afetar a saúde, segurança e bem
estar do trabalhador).
A segurança
no trabalho propõe-se combater, também dum ponto de vista não médico, os
acidentes de trabalho, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer
educando os trabalhadores a utilizarem medidas preventivas.
FATORES QUE AFETAM A HIGIENE E SEGURANÇA
NO TRABALHO
Dadas as
especificidades de algumas atividades profissionais, as quais acarretam algum
índice de perigosidade, é necessário que sobre as mesmas incidam procedimentos
de segurança para que as mesmas sejam desempenhadas dentro de parâmetros de
segurança para o trabalhador. Neste sentido, é necessário fazer desde logo um
levantamento dos fatores que podem contribuir para ocorrências de acidentes,
como sejam:
Acidentes
devido a condições perigosas:
- Máquinas e
ferramentas;
- Condições
de organização (armazenamento perigoso, falta de Equipamentos de Proteção
Individual (EPI’s));
- Condições
de ambiente físico (iluminação, calor, frio, poeiras, ruído).
Acidentes
devido a ações perigosas:
- Falta de
cumprimento de ordens (não usar o EPI’s);
- Ligado à
natureza do trabalho (erros na armazenagem);
- Nos
métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, manobrar empilhadores
inadequados, distrações).
Tendo por
base os factos atrás enunciados, é hoje facto assente que os custos indiretos
dos acidentes de trabalho são bem mais importantes que os custos diretos,
através de perdas como as seguintes:
- Perda de
horas de trabalho pela vítima;
- Perda de
horas de trabalho pelas testemunhas e responsáveis;
- Perda de
horas de trabalho pelas pessoas encarregadas dos inquéritos;
-
Interrupções de produção;
- Danos
materiais;
- Atraso na
execução do trabalho;
- Custos
inerentes às peritagens e ações legais eventuais;
- Diminuição
do rendimento durante a substituição;
- A retoma
de trabalho da vitima.
Com efeito, existem
muitos casos em que é possível aumentar a produtividade simplesmente com a
melhoria das condições de trabalho.
Assim, a
produtividade é afetada pela conjugação de dois aspetos importantes:
- Um meio
ambiente de trabalho que exponha os trabalhadores a riscos profissionais graves
(causa direta de acidentes de trabalho e de doenças profissionais);
- A
insastisfação dos trabalhadores face a condições de trabalho que não estejam em
harmonia com as suas características físicas e psicológicas.
Nesta perspetiva,
o técnico responsável pela Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho (SHST), deve
estudar os fatores de risco e/ou segurança de um posto de trabalho para
posteriormente medidas que visam incrementar um maior nível de segurança no
local de trabalho, nomeadamente a eliminação do risco de acidente, tornando-o
inexistente ou neutralizando, isto é, o risco existe mas está controlado. A
estes pontos acrescenta-se a sinalização de locais de risco de forma a evitar
acidentes.
Um outro
tipo de riscos a ter em conta são os chamados riscos ergonómicos já que por
vezes verifica-se que os pontos de trabalho não estão bem adaptados às
características do trabalhador, que quanto à posição da máquina com que
trabalha, quer no espaço disponível ou na posição das ferramentas e materiais
que utiliza nas suas funções. Para estudar e avaliar as implicações destes
problemas nas condições de trabalho do trabalhador, quanto ao esforço que o
mesmo realiza para executar as suas tarefas, denomina-se Ergonomia.
Conclui-se
portanto que este processo global de implementação de medidas de segurança e
higiene resultam necessariamente de uma interligação entre o empregador e o
emprego, na medida em que a sua efetividade resulta das ações que ambos tomarem
face às atividades desempenhadas.
Envolve,
também, estudo e controle das condições de trabalho.
A iluminação, a temperatura e o ruído fazem parte das condições ambientais de
trabalho. Uma má iluminação, por exemplo, causa fadiga à visão, afeta o sistema
nervoso, contribui para a má qualidade do trabalho podendo, inclusive,
prejudicar o desempenho dos funcionários. A falta de uma boa iluminação também
pode ser considerada responsável por uma razoável parcela dos acidentes que
ocorrem nas organizações. Envolvem riscos os trabalhos noturnos ou turnos,
temperaturas extremas - que geram desde fadiga crônica até incapacidade
laboral.
Um ambiente de trabalho com temperatura e umidade inadequadas é considerado
doentio. Por isso, o funcionário deve usar roupas adequadas para se proteger do
que “enfrenta” no dia-a-dia corporativo. O mesmo ocorre com a umidade. Já o
ruído provoca perca da audição e quanto maior o tempo de exposição a ele maior
o grau da perda da capacidade auditiva. A segurança do trabalho implica no uso
de equipamentos adequados para evitar lesões ou possíveis perdas.
É preciso, conscientizar os funcionários da importância do uso dos EPIs, luvas,
máscaras e roupas adequadas para o ambiente em que eles atuam. Fazendo essa
ação específica, a organização está mostrando reconhecimento ao trabalho do
funcionário e contribuindo para sua melhoria da qualidade de vida. Ao invés de
obrigar os funcionários a usarem, é melhor realizar esse tipo de trabalho de
conscientização, pois o retorno será bem mais positivo.
Já ouvi muitos colaboradores falarem, por exemplo, que os EPIs e as máscaras
incomodam e, alguma vezes, chagaram a pedir aos gestores que usassem os
equipamentos para ver se era bom. Ora, na verdade os equipamentos incomodam,
mas o trabalhador deve pensar o uso desses que é algo válido, pois o ajuda a
prevenir problemas futuros.
Na segurança do trabalho também é importante que a empresa forneça máquinas
adequadas, em perfeito estado de uso e de preferência com um sistema de travas
de segurança. É fundamental que as empresas treinem os funcionários e os
alertem em relação aos riscos que máquinas podem significar no dia-a-dia. Caso
algum funcionário apresente algum problema de saúde mais tarde ou sofra algum
acidente, a responsabilidade será toda da empresa por não ter obrigado o funcionário
a seguir os procedimentos adequados de segurança. Caso o funcionário se recuse
a usar os equipamentos que o protegerão de possíveis acidentes, a organização
poderá demiti-lo por justa causa.
A prevenção dessas lesões/acidentes podem ser feitas através de:
- Estudos e modificações ergonômicas dos postos de trabalho.
- Uso de ferramentas e equipamentos ergonomicamente adaptados ao trabalhador.
- Diminuição do ritmo do trabalho.
- Estabelecimento de pausas para descanso.
- Redução da jornada de trabalho.
- Diversificação de tarefas.
- Eliminação do clima autoritário no ambiente de trabalho. - Maior participação
e autonomia dos trabalhadores nas decisões do seu trabalho.
- Reconhecimento e valorização do trabalho.
- Valorização das queixas dos trabalhadores.
É preciso mudar os hábitos e as condições de trabalho para que a higiene e a
segurança no ambiente de trabalho se tornem satisfatórios. Nessas mudanças se
faz necessário resgatar o valor humano. Nesse contexto, a necessidade de
reconhecimento pode ser frustrada pela organização quando ela não valoriza o
desempenho. Por exemplo, quando a política de promoção é baseada nos anos de
serviço e não no mérito ou, então, quando a estrutura salarial não oferece
qualquer possibilidade de recompensa financeira por realização como os aumentos
por mérito.
Se o ambiente enfatizar as relações distantes e impessoais entre os
funcionários e se o contato social entre os mesmos for desestimulado, existirão
menos chances de reconhecimento. Conforme Arroba e James (1988) uma maneira de
reconhecer os funcionários é admitir que eles têm outras preocupações além do
desempenho imediato de seu serviço.
Uma outra causa da falta de reconhecimento dos funcionários na organização são
os estereótipos, pois seus julgamentos não são baseados em evidências ou
informações sobre a pessoa. A partir do momento que as pessoas fazem parte de
uma organização podem obter reconhecimento positivo ou negativo. Os grupos de
trabalho, por exemplo, podem satisfazer ou frustrar as necessidades de
reconhecimento.
Pois, a importância do reconhecimento é que a partir do momento que a
organização está preocupada com a higiene e a segurança do trabalhador, ele
está sendo valorizado. E quando os colaboradores percebem o fato de serem
valorizados, reconhecidos isso os torna mais motivados para o trabalho.
Em suma a
higiene e segurança do trabalho esta ligada diretamente as condições oferecidas
por uma organização a seus colaboradores de tal maneira que eles possam
desenvolver suas atividades sem causar a si próprio nenhum dano em função das
atividades exercidas.
Serve para identificar, e corrigir possíveis falhas no processo de
desenvolvimento das funções a fim de evitar que os colaboradores tenha algum
dando causado pelo mau habito do trabalho, fornecendo a eles estrutura, e
equipamentos necessários com intuito de zelar pela sua segurança individual e
coletiva.
Antigamente,
a única exigência aquando da construção de um edifício, era que o mesmo
oferecesse ao homem condições apropriadas para desenvolver atividades. Com o
passar do tempo e com a evolução do conhecimento do homem sobre o ambiente
interno e externo do edifício, outras exigências foram progressivamente sendo
adicionadas aos requisitos básicos já conhecidos. Os únicos critérios utilizados,
no que diz respeito à qualidade do ar interior, foram a temperatura e a
humidade, sendo que outros parâmetros importantes na qualidade do ar foram
ignorados.
Atualmente,
sabemos que são produzidos inúmeros poluentes, tais como, monóxido de carbono,
dióxido de carbono, amoníaco, óxido de enxofre e nitrogénio, através dos materiais
de construção baseados em solventes orgânicos, por materiais de limpeza, bolor,
metabolismos humano e também pela própria atividade do homem, como cozinhar ou
lavar e secar a roupa. Estes poluentes comprometem a saúde e o rendimento de
trabalho do homem, e alguns edifícios estão sendo apelidados de “doentes”,
devido à péssima qualidade do ar. Perante esta problemática, foi criada a expressão “Sick Building
Syndrome”, caracterizada por um estado doentio transitório da população, já que
os sintomas normalmente desaparecem quando a população afetada deixa o
edifício. Os sintomas apresentados pela população são dores de cabeça, náuseas,
cansaço, irritação dos olhos, nariz e garganta, falta de concentração,
problemas de pele, entre outros. Esta problemática pode ter proveniência na manutenção
inadequada das torres de resfriamento e sistemas de ventilação as quais são
fontes de microorganismos.
Atualmente, as preocupações com a
qualidade ambiental do interior dos edifícios e a determinação do impacto na
saúde têm-se revelado um tema de enorme importância, visto que, cada vez mais,
existe uma maior incidência em doenças respiratórias e de pele, alergias e
doenças crónicas. Deste modo, têm-se implementado estratégias que respondam ao
conforto e bem-estar humano, constituídas por um conjunto de ações levadas a
cabo numa escala de controlo ambiental limitada ao espaço interior dos
edifícios, quer seja em habitações, espaços públicos ou locais de trabalho.
Por outro lado, a importância de
controlar e avaliar a qualidade do ar interior nos edifícios, resulta do facto,
de hoje em dia, a população passar cada vez mais tempo dentro dos edifícios
(habitação, emprego, serviços, lazer), ficando desta forma, expostos a ação de
poluentes, relacionados com os materiais usados na construção e manutenção dos
edifícios, com os sistemas AVAC, com os ocupantes e com a qualidade do ar
exterior. Em suma, um edifício saudável é sinónimo de boa qualidade interior do
ar. Isto só é viável, através do uso adequado das taxas de ventilação e de uma
monitorização contínua das instalações, pois esta qualidade irá refletir-se
significativamente no bem-estar da população, nomeadamente na saúde e
produtividade laboral.
Assim,
os técnicos especializados da Sanidade Ambiental da Rentokil Initial, realizam colheitas de amostra da qualidade do ar
interior e também do ar exterior, para verificar as condições ambientais e se os
tratamentos realizados nas torres de refrigeração e sistemas de ventilação são
eficazes.
As
colheitas de amostra ambientais são efetuadas em pontos distintos e em todas as
instalações do edifício, sendo que os pontos para as colheitas de amostra devem
ser determinadas na inspeção técnica-comercial.
Na
colheita destas amostras é utilizado o meio de cultura PCA (Plate Count Agar) para verificar a existência de bactérias e o
meio de cultura SDA (Sabouraud
Dextrosa Agar) + Cloranfenicol para
verificar a existência de fungos limitando o crescimento de bactérias,
Cloranfenicol.
Deste
modo, os técnicos realizam uma colheita nas condutas do sistema de ventilação,
através do método de amostra de superfícies, que consiste em fazer
contactar o meio de cultura com a superfície necessária, mediante placas Rodac,
exercendo pressão sobre a placa durante alguns segundos. (Figura 1 e 2)
Este
método é realizado em diversos pontos de colheita de amostra, com a finalidade
de fazer a detenção de bactérias e de fungos, em meios de cultura diferentes.
Figura 1 – Sistema
de Ventilação
Figura 2 – Placas
Rodac
Vídeo 1 – Colheita
através do método de amostra de superfície em sistema de ventilação
Após
as colheitas de amostras de superfícies são realizadas as colheitas de amostras
do ambiente, através do método de amostra de ambiente. Estas
amostras são obtidas através do equipamento SAS Super 90. (Figura 3)
Figura 3 – Equipamento
SAS Super 90 para a colheita de amostras ambientais
Estas
colheitas são realizadas através da aspiração de um determinado volume de ar,
na qual se fixam os microorganismos do ar sobre uma placa Rodac. São realizados
duas colheitas em placas de cultivo específicas para a detenção de bactérias e
de fungos. (Figura 4)
Figura 4 – Placa
Rodac
Vídeo 2 - Colheita
através do método de amostra de ambiente em locais de trabalho
Estas
colheitas de amostra ambiental são realizadas nas instalações do edifício, com
principal destaque, nos locais de trabalho em aglomerado, refeitório,
atendimento ao cliente, armazéns, laboratórios e na zona exterior do edifício.
Após
as colheitas destas amostras, as mesmas são levadas para o laboratório onde
serão analisadas (contagem e identificação das colónias).
Como
futura Técnica de Saúde Ambiental e segundo o Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de
Maio, tenho o dever de identificar e caracterizar fatores de risco para a saúde
originados no ambiente, realizando a vigilância sanitária básica e luta contra
meios e agentes de transmissão de doença e a participação em ações de
vigilância e controlo do ambiente e segurança dos locais de trabalho em saúde
ocupacional. Na Rentokil, o meu dever como Técnica de Saúde Ambiental é
identificar e caracterizar os fatores de risco para a saúde e promover ações de
controlo e vigilância e de formação para a população alvo.
A bactéria Legionella foi descoberta em 1976 e confirmada como agente
responsável e causador de doença pulmonar grave no Homem. (Figura 1)
Figura
1 – Bactéria Legionella
A
Legionella é uma bactéria que pertence a família Legionellacease sendo conhecidas 30 espécies e mais de 50
subespécies. Esta é uma bactéria em forma de bacilo, pertencente ao grupo das
bactérias gram negativas e é dotada de flagelos que facilitam a sua
movimentação.
A Legionella
está presente em meios aquáticos naturais. Também se encontra em sistemas
de água criados pelo Homem, atuando como meios amplificadores e propagadores da
Legionella. Esta bactéria dispersa-se
pelo ar e penetra no sistema respiratório do Homem, através de aerossóis,
podendo produzir infeções. (Figura 2)
Figura
2 – Esquema de transmissão
da Legionella
A bactéria Legionella necessita de condições ambientais que favoreçam a sua
proliferação e o seu desenvolvimento, assim como a existência de dispositivos
geradores de aerossóis, para que possa penetra no sistema respiratório do Homem.
Para sobreviver necessita de água, sendo capaz de sobreviver nas temperaturas
compreendidas entre 20ºC a 60º C. A sua multiplicação e crescimento realizam-se
nas temperaturas compreendidas entre 20ºC a 45ºC, sendo as condições ótimas de
temperatura para o seu desenvolvimento entre 35ºC a 37ºC. (Figura 3)
Figura
3 – Efeitos da temperatura
na bactéria Legionella
As instalações vistas como fontes de
contaminação são:
- Sistemas de água quente e fria;
- Torres de refrigeração e condensadores
evaporativos;
- Banheiras e piscinas de hidromassagem e
fontes de água termais;
- Fontes;
- Humificadores ambientais;
- Túneis de lavagem de carros;
- Sistemas de rega;
- Materiais terapêuticos respiratórios.
No geral, todos os componentes de uma
instalação propiciam a possibilidade de multiplicar a bactéria, dando lugar aos
aerossóis, os quais estão expostas a população.
Em suma, o risco de contrair esta doença a
partir de uma instalação vai depender de inúmeros fatores, tais como:
- Presença, tipo e concentração da Legionella na instalação;
- Formação de aerossóis e localização de uma
fonte produtora de aerossóis;
- Duração da exposição;
- Quantidade de pessoas expostas aos
aerossóis;
- Condições das instalações (temperatura da
água, grau de limpeza, manutenção, entre outros).
Vídeo 1 - Vídeo sobre a bactéria Legionella e sua transmissão
Os serviços da Sanidade Ambiental da Rentokil Initial têm como finalidade
realizar a prevenção e o controlo da multiplicação e disseminação dos
diferentes agentes microbiológicos, tais como as bactérias do género Legionella.
Para regular as ações preventivas e de
controlo, foi aprovada no Real Decreto 865/2003 de 4 de Julho, os critérios higiénico-sanitários
para a prevenção e controlo desta bactéria.
Tanto nos tratamentos de limpeza e
desinfeção, como na manutenção da qualidade físico-químico da água, devem
considerar-se, as características de cada instalação e da água a tratar. É
fundamental averiguar a utilização dos procedimentos físicos, assim como os distintos
produtos químicos como biocida, anticrustante, anticorrosivo ou biodispersante,
entre outros.
Os técnicos especializados que utilizam
estes produtos químicos devem conhecer detalhadamente as suas funções,
naturezas e propriedades devido aos riscos que provocam na sua manipulação e as
incompatibilidades entre produtos químicos. Quando os técnicos realizam estes
trabalhos devem utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados
às operações/tratamentos, tais como: traje resistente a agentes químicos,
botas, luvas de nitrilo, óculos protetores e máscara com filtro para
partículas, gases e vapores.
Os técnicos realizam tratamentos nas torres
de refrigeração, nos depósitos de acumulação de água, na rede de água quente
sanitária e água fria de consumo humano e também realizam colheitas de amostras
de água para análise microbiológica e físico-químico.
Tratamento
de Torres de Refrigeração
Antes de se iniciar o tratamento é necessário
observar e anotar o estado do sistema. Após o conhecimento do circuito de água,
procede-se ao adicionamento, na torre de refrigeração, dos produtos, hipoclorito sódico, anticorrosivo,
biodispersante e antiespumante, sendo necessário que os ventiladores da
torre estejam parados e só funcionem as bombas de recirculação. Os produtos
adicionados devem circular no sistema durante duas a três horas. Depois do
tempo de circulação dos produtos no sistema, a torre de refrigeração é
esvaziada para proceder a sua limpeza e desinfeção. Os separadores de gotas são
limpos e desinfetados com materiais adequados e necessários assim como os filtros
de aspiração e a torre. Por fim, a torre é novamente cheia para voltar a
circular normalmente.
Vídeo 2 - Vídeo sobre torres de refrigeração e os seus tratamentos
Tratamento
de depósitos de acumulação de água
Antes de se começar o tratamento é
necessário observar e anotar o estado do sistema. Seguidamente, procede-se ao esvaziamento
do depósito para posteriormente se limpar e desinfetar, eliminando por meios
mecânicos, todos os sólidos do interior do depósito, tais como lodos e
particulares sedimentares, entre outros. O depósito deve ser lavado com água
com pressão e detergentes autorizados.
Quando o tratamento estiver todo efetuado,
volta-se a encher o depósito e verifica-se a quantidade do cloro livre
residual, que deve respeitar o intervalo de 0,2-0,8 ppm.
Tratamento
de redes de água quente sanitária e água fria de consumo humano
Antes de se começar o tratamento é
necessário observar e anotar o estado do sistema. Porém, nos sistemas de água
quente sanitária e água fria de consumo humano, os procedimentos estabelecidos para
o tratamento e desinfeção da rede são distintos. Realiza-se a desinfeção química através da
hipercloracão do sistema que é igual para a água quente e fria. Já a desinfeção térmica realiza-se através da
elevação da temperatura e só é possível realizá-la em determinados sistemas de
água quente sanitária.
Colheita
de amostras de água para análises microbiológicas e físico-químicas
Os técnicos realizam colheitas de amostras
representativas da água para poder determinar a sua qualidade microbiológica e
os parâmetros físico-químicos. As colheitas são efetuadas em frascos adequados
e esterilizados e devidamente rotulados, com uma referência que permita a sua
identificação. Após realizada a colheita de amostra de água, esta deve ser
reencaminhada para o laboratório, o mais breve possível.
Vídeo 3 - Vídeo sobre Legionella
Para
finalizar, a Doença dos Legionários constitui um problema para a Saúde Pública,
verificando-se uma clara relação causa-efeito com a colonização das bactérias
do género Legionella na água, em
sistemas de grandes edifícios, sobretudo quando esses sistemas estão mal
concebidos, mal instalados ou com má manutenção. Existem duas situações
distintas, que não se devem confundir. Uma representada pela colonização das
bactérias, deste género, na água e a outra caracterizada pelo aparecimento de
um ou mais casos da Doença dos Legionários. É notório, que as condições
ambientais que favorecem a colonização em sistemas artificiais de água por
bactérias do género Legionella, são
essencialmente, a temperatura, a estagnação e a existência de nutrientes na
água. Para tal, é necessário tomar medidas para controlar e prevenir esta
bactéria.
Vídeo 4 - Atividades desenvolvidas na temática Legionella
Como futura Técnica de Saúde Ambiental e
segundo o Decreto-Lei n.º 117/95 de 30 de Maio, tenho o dever de identificar e
caracterizar fatores de risco para a saúde originados no ambiente, realizando a
vigilância sanitária básica e luta contra meios e agentes de transmissão de
doença.
Como referi anteriormente, a bactéria Legionella é considerada um vetor
transmissível de doença e, por esse motivo, tenho o dever de prevenir e
promover a saúde pública, realizando ações de prevenção, controlo e vigilância
sanitária de sistemas, estruturas de água para prevenir e controlar esta
bactéria.
Na Rentokil,
o meu dever como Técnica de Saúde Ambiental é identificar e caracterizar os
fatores de risco para a saúde e promover ações de prevenção, controlo e
vigilância nos sistemas de água.